terça-feira, 26 de maio de 2009

Fui mãe antes de me tornar leitora

Gostaria de poder dizer que aprendi a gostar de ler com os meus pais, quando criança, que estava sempre rodeada de livros, mas não seria sincero. A verdade é que todos na minha família são bons contadores de história, principalmente meu pai. Acho que por ele ser analfabeto, sua memória faz algum tipo de compensação e até hoje ele conta muita história de como foram os tempos idos e vividos. Pois então, texto oral foi fácil pra pegar o jeito, mas leitora de livro, de livro de literatura, isso demorou muito para acontecer.
Na minha casa não tinha livro, pra dizer bem a verdade tinha duas bíblias, dois hinários ambos estes um em português e outro em alemão. Tinha também o catecismo menor e o catecismo maior de Luthero, já que sou de uma família luterana. Obviamente eu não lia nada disso. Mais tarde quando eu tinha uns 10 anos passou um vendedor de livros ambulante e meu pai comprou um manual de primeiros socorros, não sei bem porquê. Nunca foi usado. Lembro-me que eu ia na casa da vizinha emprestar o dicionário e era uma função, pois tratava-se de uma enciclopédia e eu tinha que verificar antes com que letra começavam as palavras que a professora tinha "passado" e depois carregar os livrões de um lado para outro.
Da escola primária lembro-me muito mais de canções de roda, homenagem cívica, hinos pátrios do que de leitura. Do ginásio lembro-me de uma experiência ótima. A professora de Português, Dona Júlia, trouxe livros de literatura brasileira (hoje eu sei que eram de literatura brasileira) para a classe e colocou um em cada carteira. Adivinhem!? Sobre a minha mesa ficou A pata da gazela e eu comecei a folhear imediantamente para tentar descobrir o que seria uma gazela. Não me lembro da obra, penso que não li muito deste livro e não me lembro se valia nota. Somente mais tarde descobri o que era uma gazela e somente na Faculdade é que descobri que ler Machado de Assis era mesmo difícil.
Pois então, logo depois de terminar o ginásio eu fiquei mamãe e comecei a fazer magistério. Lá eu aprendi que era necessário ler para as crianças e eu lia muito para minha filha. Bem mais tarde na Faculdade, no primeiro semestre, por causa da minha professora de Literatura, me tornei leitora e depois disso já li muito, de tudo... e hoje em dia, leio muito nas férias, mas quase sempre leio algo antes de dormir, já se tornou um hábito. Ultimamente leio alguma TP!!!
Muito diferente dessa história será a do meu neto que com 2 anos já tem uma pequena biblioteca e já conta a sequencia dos textos dos seus livros preferidos. Que bom para ele.
Nessa história toda o que realmente lamento é que livro no Brasil é muito caro.Muitas vezes entro na livraria, fico babando e não compro nada.

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segunda-feira, 25 de maio de 2009

Texto Coletivo: poesia

A cigarra e a formiga boa

Estava acabando o verão
e a cigarra cantava em vão
a sua bonita canção

A formiga trabalhava
para comer no inverno
para não morrer de fome
enquanto isso escutava
a canção da cigarra

Depois que a neve chegou
o trabalho acabou
e a formiga sua amiga ajudou

601 -EMEF Maria Nilda Salai Stahelin

segunda-feira, 18 de maio de 2009

Não me lembrava mais deste fato!!

Enquanto eu lia o pequeno fragmento Fuga da obra de Graciliano Ramos lembrei-me que Vidas Secas foi o primeiro livro que li na Faculdade. Na verdade eu não li o livro, nossa professora maravilhosa (Suely Cagnetti) leu para a classe, um capítulo a cada encontro. Lembrei-me que alguns de nós ficávamos emocionados ouvindo o texto. Ela, a minha profª, tinha um jeito todo especial, ela é uma ótima contadora de histórias e sabia dar entonação perfeita ao texto. Mas algo que me ocorreu de forma consciente apenas agora na apostila TP3 é que os elementos narrativos e principalmente os descritivos estão tão bem encadeados que trazem para o leitor uma imagem ímpar do cenário no qual se desenvolve o enredo. Pela habilidade do escritor conseguimos quase que experienciar a rotina dessa família de retirantes e nos compadecer com a secura de suas vidas.

sábado, 9 de maio de 2009

Memorial do Professor - como me tornei professora?

Este é um longo capítulo de minha história e como professora de Português tenho dificuldade para escrever pouco. Tentarei me ater aos fatos, vamos ver no que vai dar...
Quando criança morei em Massaranduba até quase completar 7 anos e lá a referência de escola que eu tinha era uma multiseriada, com outro nome na época, que minhas irmãs mais velhas frequentavam. Em minha infância lembro-me que estudar era importante para aprender a ler e escrever, já que meu pai era analfabeto e minha mãe frequentou muito pouco a escola.
Nos mudamos para Jaraguá e eu frequentei da primeira a oitava série a escola próxima à minha casa, o HOMAGO. Ao final deste período, em 1980, havia poucas escolas de ensino médio em Jaraguá e por isso eu fui estudar no São Luis, contra a vontade de meu pai, que achava que mulheres não precisavam continuar os estudos, pois deviam procurar um emprego, provavelmente em uma confecção, como era moda na época, e depois casar e ter filhos. Na época eu namorava o meu professor de Educação Física, que era um rapaz urbano, atleta, e por isso já frequentava faculdade. Pois meu pai acertou em cheio, eu logo engravidei, parei de estudar e tive minha primeira filha. Na época eu trabalhava no comércio.
Alguns anos depois, por influência do meu então marido resolvi fazer o curso do Magistério, já que assim eu poderia trabalhar meio expediente e ainda cuidar da minha gatinha. E assim se fez.
Na época do meu estágio, minha então professora amada, Leonir Pezatti, me convidou para trabalhar como ACT em uma escola estadual e eu fui alfabetizadora durante um semestre. Neste período havia nesta escola um projeto de Língua estrangeira: alemão! E eu como uma boa massarandubense falava bobagens com a professora do projeto em alemão. Ela por sua vez estava se divorciando e ia se mudar e precisava de uma substituta. Assim, após ingressar no magistério tornei-me professora de língua estrangeira - o que conduziu minha história de vida e modificou meus caminhos para sempre.
Comecei a estudar alemão e fazer cursos e mais cursos. Engravidei mais uma vez, tive minha segunda filha. Quando ela tinha 4 meses eu ganhei uma bolsa para ir à Alemanha e fiquei lá por dois meses. Voltei doida e nunca mais parei de aprender e ensinar alemão. Comecei a trabalhar na Escola Jaraguá e lá trabalhei por 14 anos. Esta foi a grande escola da minha vida! Nesse espaço de tempo fiz faculdade de Letras Português/Inglês; me divorciei e ganhei mais uma bolsa na Alemanha. Mas somente na rede municipal me tornei professora de Português. Apesar de não ter escolhido essa profissão por algum chamado vocacional, sempre gostei muito de ser professora. Ainda hoje, depois de 24 anos de profissão, continuo acreditando que nós professores fazemos grande diferença na vida de todos os nossos alunos.