sábado, 9 de maio de 2009

Memorial do Professor - como me tornei professora?

Este é um longo capítulo de minha história e como professora de Português tenho dificuldade para escrever pouco. Tentarei me ater aos fatos, vamos ver no que vai dar...
Quando criança morei em Massaranduba até quase completar 7 anos e lá a referência de escola que eu tinha era uma multiseriada, com outro nome na época, que minhas irmãs mais velhas frequentavam. Em minha infância lembro-me que estudar era importante para aprender a ler e escrever, já que meu pai era analfabeto e minha mãe frequentou muito pouco a escola.
Nos mudamos para Jaraguá e eu frequentei da primeira a oitava série a escola próxima à minha casa, o HOMAGO. Ao final deste período, em 1980, havia poucas escolas de ensino médio em Jaraguá e por isso eu fui estudar no São Luis, contra a vontade de meu pai, que achava que mulheres não precisavam continuar os estudos, pois deviam procurar um emprego, provavelmente em uma confecção, como era moda na época, e depois casar e ter filhos. Na época eu namorava o meu professor de Educação Física, que era um rapaz urbano, atleta, e por isso já frequentava faculdade. Pois meu pai acertou em cheio, eu logo engravidei, parei de estudar e tive minha primeira filha. Na época eu trabalhava no comércio.
Alguns anos depois, por influência do meu então marido resolvi fazer o curso do Magistério, já que assim eu poderia trabalhar meio expediente e ainda cuidar da minha gatinha. E assim se fez.
Na época do meu estágio, minha então professora amada, Leonir Pezatti, me convidou para trabalhar como ACT em uma escola estadual e eu fui alfabetizadora durante um semestre. Neste período havia nesta escola um projeto de Língua estrangeira: alemão! E eu como uma boa massarandubense falava bobagens com a professora do projeto em alemão. Ela por sua vez estava se divorciando e ia se mudar e precisava de uma substituta. Assim, após ingressar no magistério tornei-me professora de língua estrangeira - o que conduziu minha história de vida e modificou meus caminhos para sempre.
Comecei a estudar alemão e fazer cursos e mais cursos. Engravidei mais uma vez, tive minha segunda filha. Quando ela tinha 4 meses eu ganhei uma bolsa para ir à Alemanha e fiquei lá por dois meses. Voltei doida e nunca mais parei de aprender e ensinar alemão. Comecei a trabalhar na Escola Jaraguá e lá trabalhei por 14 anos. Esta foi a grande escola da minha vida! Nesse espaço de tempo fiz faculdade de Letras Português/Inglês; me divorciei e ganhei mais uma bolsa na Alemanha. Mas somente na rede municipal me tornei professora de Português. Apesar de não ter escolhido essa profissão por algum chamado vocacional, sempre gostei muito de ser professora. Ainda hoje, depois de 24 anos de profissão, continuo acreditando que nós professores fazemos grande diferença na vida de todos os nossos alunos.

Um comentário:

  1. Poxa Judite...

    Se isto é um resuminho...imagino seu textos...

    Foi simplesmente fantástico ler sua história de vida. Um pouco parecida com a minha na questão de mulher estudar e todas as monobras que a vida nos apresenta. Não é mesmo...

    Quantas experiências e não conhecia. Todo este seu lado de aluna bolsista e viajada... Outra hora conversaremos mais sobre estas questões.

    Está muito bonito a inteface gráfico do seu blog. Parabéns!!!

    Abraços

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